O mercado de influência brasileiro entrou no ano de 2024 marcado por algumas polêmicas que ainda repercutem e geram importantes debates sobre a responsabilidade dos criadores de conteúdo e das empresas que representam e agenciam estes profissionais.
No final do ano passado – no mesmo período em que uma operação policial investigava influenciadores que divulgavam jogos de azar – uma fake news disseminada por perfis de fofoca teriam resultado na morte de Jéssica Vitória Canedo, de 22 anos. O caso que por si só já gera indignação e abala a credibilidade dos influenciadores perante a opinião pública, também colocou em dúvida o modelo de negócios da agência Mynd, que tem em seu casting uma grande parcela destes perfis que expuseram a notícia falsa envolvendo a jovem.

O descrédito respingou em todo o mercado, que agora mais do que nunca se movimenta para manter sua reputação e separar o “joio do trigo”. A Mynd divulgou nota esclarecendo sobre seu papel junto aos agenciados e em um vídeo muito didático, a Rafa Lotto da YouPIX manifestou preocupação com a falta de responsabilidade de muitos influenciadores, que colocam em xeque o trabalho correto de tantos outros profissionais da creator economy.
Essa briga, para piorar, acabou politizada, reforçando a discussão do PL das fake news (2.620 de 2020) pela base do governo, enquanto a oposição pede por uma CPI da Máfia Digital. Continuaremos atentos acompanhando o desdobramento deste caso e na torcida para que ele sirva para nos ensinar a ser mais criteriosos quanto aos influenciadores que escolhemos dar audiência.
O QUE MAIS FOI NOTÍCIA EM JANEIRO NO UNIVERSO DA INFLUÊNCIA DIGITAL :
- KWAI E A SEXUALIZAÇÃO DE CRIANÇAS – “O Kwai deixa sem a devida moderação vídeos, comentários e perfis que sexualizam crianças e adolescentes – proliferando a distribuição desse tipo de conteúdo para cada vez mais usuários na rede.” Esta matéria do Núcleo desvendou que a rede social de 48 milhões de usuários no país, e uma das patrocinadoras do BBB24, virou espaço de exposição indevida de menores.
- IA VAI ROUBAR SEU EMPREGO? – O boom da IA chegou com muitas especulações e o medo de que vagas de empregos sejam ocupadas por máquinas cada vez mais inteligentes, que devem se igualar ou superar os humanos num futuro muito próximo. Esta matéria da Forbes Brasil, aponta que a IA não vai roubar seu emprego tão cedo, segundo pesquisadores do MIT.
- PUBLIS GERAM IMPACTO POSITIVO – Um levantamento mostrou o impacto de parcerias entre influenciadores e marcas em 2023. Segundo a pesquisa, hoje os micro e médio influenciadores representam mais de 80% dos criadores de conteúdo do Brasil.
- APOSTANDO NO BEM – Jogos de apostas podem ser conscientes e agentes de transformação social? A Betsul mostra que sim. A empresa lançou uma campanha publicitária aliando esporte, inclusão e solidariedade: o “Jogo do Bem”. A ação conta com os embaixadores Jakson Follman (ex-jogador e sobrevivente do trágico acidente aéreo envolvendo a Chapecoense em 2016); Camille Rodrigues (detentora do recorde brasileiro na modalidade 400 metros livre e com uma impressionante carreira nas piscinas desde os 10 anos), Clodoaldo Silva (conhecido como o “Tubarão das Piscinas”, é uma lenda paralímpica brasileira) e Dedé Macedo, (paratleta de paraciclismo de estrada MC4 / MTB e triatleta, é sinônimo de paixão pelo esporte). Entre as instituições que recebem os recursos do projeto estão Associação Desportiva para Deficientes (ADD) e Instituto Compartilhar.
- REGRAS PARA “FINFLUENCERS” – Estudo mostrou que existem cerca de 515 influenciadores de finanças no Brasil. No final de novembro de 2023, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) abriu uma consulta pública sobre a atuação dos influencers no mercado de capitais. O objetivo é receber ponderações e comentários sobre possíveis normas regulatórias para esse nicho. Esta matéria do site Estadão conversou com Nathalia Arcuri, Nath Finanças e o Economista Sincero sobre a possível regulamentação da atividade.